Foi anunciado
recentemente pela Redecard, controlada pelo Itaú Unibanco, concorrente da
CIELO, o zeramento da taxa sobre antecipação de recebíveis. As ações das
concorrentes caíram fortemente na bolsa. Além da CIELO, a PagSeguro e a Stone
reagiram negativamente nos pregões dos últimos dias. Essas duas últimas na
bolsa americana, pois fizeram IPO por lá.
O CADE já notificou
o Itaú pedindo explicações sobre o ocorrido, sob suspeita de concorrência
predatória. Não sabemos se isso resultará em alguma penalidade para a Rede, mas
a verdade é que o acirramento dessa concorrência, independente do desenrolar
dessa possível investigação pelo CADE, trará muita volatilidade para as ações
da CIELO e é isso que nos preocupa.
Outros concorrentes
como o Safrapay e a PagSeguro também anunciaram reduções nas taxas. E a Linx
resolveu entrar na briga das maquininhas. O momento é delicado para o setor de
adquirência.
Em 23/04/2019 foi
divulgado o resultado do 1º trimestre/2019 da CIELO e os números vieram
péssimos. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado a Receita
Operacional Líquida manteve-se praticamente estável, mas o EBITDA e o Lucro
despencaram, respectivamente, -34% e -44,9%. Resultados abaixo do esperado pelo
mercado, que já precificava alguma queda na rentabilidade. As despesas
operacionais tiveram um salto grande, principalmente a de Pessoal, com avanço
de 48,5%, as Gerais e Administrativas cresceram 25,7%, as de Venda e Marketing,
7,5% e as Outras Despesas Operacionais saltaram incríveis 97%. Essa última
refere-se ao aumento de perdas de créditos incobráveis.
Na teleconferência
de resultados do 4º trimestre/2018, o presidente da empresa já havia mencionado
que a prioridade seria a manutenção ou o ganho de participação no mercado, em
detrimento das margens e que 2019 seria um ano desafiador. E de fato está sendo.
A agressividade da concorrência deve ter surpreendido a Administração da CIELO
além do que ela esperava.
Para aquele
investidor de longo prazo, cujos principais fatores para decidir investir em
uma empresa são os fundamentos e alguma margem de segurança, além de vantagem
competitiva, parece que esses basilares estão em cheque.
Em primeiro lugar,
os fundamentos mudaram com essa forte concorrência? Entendo que sim, e
principalmente se o CADE não constatar nenhuma anormalidade nas práticas
concorrenciais. A diminuição das margens de forma permanente, com consequências óbvias sobre o lucro e a rentabilidade terá
impactos sobre o retorno ao acionista. Isso é bastante claro.
Para quem está
posicionado como é o meu caso, e cujo preço médio ajustado por dividendos é de
10,66 no momento, a perda já chega a 25%. O melhor momento de sair parece ter
passado. Há 3 alternativas possíveis: reforçar a posição, vender a mercado
entendendo que continuará caindo ou não fazer nada e aguardar os acontecimentos
e desdobramentos dessa guerra, que no fim deixará vítimas pelo caminho e
esperando que não seja a CIELO.
Vamos analisar as 3
opções citadas. O momento é de reforçar posição? Entendo que não, pois
graficamente o ativo está em tendência de baixa e não parece demonstrar
formação de fundo nesse momento. Olhando para os fundamentos, a partir de dados
do site Fundamentus, o P/L em 12 meses, já considerando o último resultado,
está em 7,52 e o P/EBIT em 6,18. Parece descontada, mas vamos fazer o cálculo
desses indicadores, considerando que o lucro dos próximos 3 trimestres cairá no
mesmo ritmo do 1º trimestre recentemente divulgado. O EBIT e o Lucro projetados
para 12 meses com quedas no mesmo ritmo, ficaria em R$ 2,48 milhões e R$ 1,94
milhões, respectivamente. Considerado o preço atual, o P/L e o P/Ebit
recalculados subiriam para 11,12 e 8,73,
deixando de ser uma pechincha. Mantendo a queda do EBIT/Lucro projetado pelos
cálculos anteriores e considerando que eu gostaria de comprar ao mesmo nível de
"desconto" dos indicadores atuais (P/L e P/EBIT), o preço teria que
cair para algo em torno de R$ 5,50. Portanto, se acreditarmos que em face da
guerra deflagrada o lucro continuará caindo nessa mesma proporção,
precisaríamos aguardar o preço da ação em níveis abaixo de 6 reais para
reforçar.
E vender a mercado
hoje? Consideradas verdadeiras as projeções acima, valeria a pena desmontar a
posição, acreditando que compraria o mesmo ativo bem mais barato no futuro, se
ainda fizer sentido o case. Caso entenda que não há recuperação para a empresa
no médio a longo prazo, realoca o capital em opção melhor. No meu caso, a perda
hoje no ativo é de 25% e, considerando o peso na carteira, perderia 3,40% do
capital para renda variável, o que não chega a ser tão relevante assim.
A terceira opção
seria não fazer nada, aguardar repique depois de seguidas quedas e desmontar a
posição, se não acreditar em recuperação consistente, ou manter ativo na
carteira, se esperar que ao final desse processo a CIELO sairá mais forte, com
boa participação nesse mercado e restabelecerá o crescimento dos lucros.
Um outro aspecto da
análise é a questão da vantagem competitiva. A CIELO é melhor do que as demais?
Dispõe de expertise e tecnologia superior aos seus concorrentes? Parece não
haver barreiras para a entrada no segmento. Surgiram muitos concorrentes nos últimos
anos desde que a exclusividade foi quebrada. Sinceramente, se existia vantagem
em favor da CIELO, parece que não existe mais.
A guerra das
maquininhas vai continuar ao longo de todo o ano de 2019 e parece ser boa para
os lojistas e também para o consumidor, caso se reflita em produtos e serviços
mais baratos pela diminuição de custos. Mas não para o acionista da CIELO, que
verá o lucro cada vez menor e sem perspectiva de se reverter no curto prazo. O
dividendo encolherá e o retorno no ano corrente será decrescente.
Qual minha decisão,
diante das 3 opções citadas acima? Se houver repique até pelo menos R$ 8,80 nos
próximos dias, aceito o prejuízo e fico de fora até tudo isso se consolidar. Se
continuar caindo, permaneço com a posição e torcendo para a CIELO sair vencedora
nessa batalha.
Ativo
|
Entrada
na Carteira
|
Preço de
Entrada *
|
Preço
Atual
|
Var. %
|
Peso na
Carteira
|
Retorno
para a Carteira (%)
|
OIBR4
|
08/02/2019
|
1,45
|
1,69
|
16,55%
|
5,00%
|
0,83%
|
CIEL3
|
14/02/2019
|
10,66
|
7,98
|
-25,17%
|
13,50%
|
-3,40%
|
KROT3
|
15/02/2019
|
11,57
|
9,70
|
-16,19%
|
13,50%
|
-2,19%
|
WIZS3
|
26/02/2019
|
6,93
|
7,72
|
11,42%
|
13,50%
|
1,54%
|
Capital a Alocar (Renda
Fixa)
|
-
|
-
|
0,00%
|
54,50%
|
0,00%
|
|
Carteira
|
-
|
-
|
-
|
-3,21%
|
-
|
-3,21%
|
IBOV
|
08/02/2019
|
95.343
|
95.045
|
-0,31%
|
-
|
-
|
* Ajustado por proventos
|
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